**** - Wang Lu - An Atlas of Time (News Focus, 2020).
A chinesa Wang Lu é daqueles novos compositores criativos que já surgem com proeminência, deixando todos apreensivos e ansiosos para saber quando será seus próximos lançamentos. Se o seu álbum de estreia, Urban Inventory, é um exercício criatividade baseado na vida urbana, este álbum aqui resenhado já é mais pessoal e introspectivo. Neste registro -- que documenta as cinco partes da "suíte" An Atlas of Time mais quatro peças sortidas --, a compositora volta-se para seu interior: ela inspira-se basicamente em várias lembranças que marcam sua memória de 38 anos de vida. Diz a compositora: "It’s not only that we have no choice over what we remember—what comes back to us with precise detail. When I compose a piece, what comes out are those moments from my 38 years of life over which I’ve had little control. Instead, I have to try to embrace them". É na verdade uma metáfora musical para a vida: se por um lado a compositora consegue manipular estas lembranças musicalmente, por outro lado ela deixa claro que alguns dos acontecimentos de sua vida que geraram estas lembranças foram resultados de fatos e momentos sobre os quais ela não conseguiu ter controle. E é aí onde está a sacada: a todo momento sua música transita entre samples eletrônicos alusivos e inflexões disformes, entre melodias implícitas e abstrações angulares, entre sobreposições tonais e cacofonias atonais, entre os sons reconhecíveis dos lugares onde esteve e sons introspectivos que também se remetem a lugares e momentos, mas em desenvolvimentos mais irreconhecíveis. A primeira faixa da peça-título, a peça Internationale, é uma desconstrução caótica e cintilante de glissandos violinísticos e percussão interrompidos por colagens pré gravadas do hino socialista "The Internationale", evocando suas lembranças da política da China. Já a terceira parte, a faixa Children's Broadcast, por exemplo, é uma peça que combina samples pré-gravados que lembram sua infância chinesa imersa nos sinos do caótico trânsito de bicicletas chinesas e vizinhos barulhentos. Já em outros pontos como em "Caravaggio's Descent", quarta parte da peça-título, a compositora se inspira em imagens e momentos das suas viagens à Itália, evocando sua imagem sonora dos cânticos e missas que ela ouvia quando passava pelas basílicas de Roma, e especialmente numa outra peça chamada "Double Trance" ela usa um quarteto de cordas para se inspirar no afresco Madonna del Parto do pintor Piero della Francesca. Já a peça "Ryan and Dan" foi elaborada para seus amigos Ryan Muncy (saxofone em sons multifônicos) e Daniel Lippel (guitarra elétrica desafinada), evocando um estado de espírito presente com memórias mais implícitas mergulhadas em sons multifônicos e microtonais. Enquanto na peça "Unbreathable Colors", para violino solo, ela se inspira na situação atual do irrespirável ar poluído da China: onde atualmente o governo emite sistemas de alerta codificados por cores, pedindo para as pessoas usarem máscaras com filtros respiratórios. E assim, com formações diferentes à cada faixa -- duo de guitarra e saxofone, violino sono, formações orquestrais e etc -- a compositora Wang Lu vai construindo um verdadeiro atlas do seu tempo de vida, da infância até o tempo presente. A peça-título foi originalmente encomendada pelo Ensemble Modern, de Frankfurt, mas aqui é interpretada pelo Boston Modern Orchestra Project.
*** - EABS - Discipline of Sun Ra (Astigmatics, 2020).
Este álbum, lançado pelo grupo polonês EABS, foi inspirado pela gravação de um show de Sun Ra em sua turnê na Polônia, em 1986, arquivo que estava há algum tempo esquecido, mas que em outubro de 2019 foi editado e lançado pela Lanquidity. O grupo EABS, originário do hip hop e da eletrônica, nutre uma interessante faceta de se inspirar nas lendas do jazz para condensar suas criações -- vide por exemplo o álbum Repetitions (Letters to Krzysztof Komeda), registro anterior que se inspira no legendário pianista de jazz polonês Krzysztof Komeda. O título do álbum, Discipline of Sun Ra, se refere em como Sun Ra tinha a disciplina de se inspirar em mestres do passado -- se inspirando em mestres do swing como Fletcher Henderson, por exemplo -- para desconstruí-los de uma forma totalmente idiossincrática e futurística. Com essa mesma disciplina -- mas sem o fator "desconstrução", já que seria redundante descontruir Sun Ra --, o grupo polonês se inspira nas viagens espaciais do pianista-tecladista de Saturno para criar grooves e vibes lisérgicas, algumas vezes usando samples do alienígena e sua Arkestra.
***¹/2 - John Luther Adams - Lines Made by Walking (Cold Blue, 2020).
O aclamado compositor americano John Luther Adams é conhecido por se inspirar nas paisagens da natureza para criar verdadeiras landscapes musicais, ficando conhecido inicialmente por capturar as impressões das paisagens gélidas do Alasca, estado onde vive. Posteriormente, John Luther Adams expandiria suas abordagens ao se inspirar em diversas outras paisagens do mundo afora, programando viagens para desertos, florestas e geleiras com o real intuito de instigar-se para a criação de novas paisagens sonoras. Diz Adams: "I’ve always been a walker. For much of my life I walked the mountains and tundra of Alaska. More recently it’s been the Mexican desert, the altiplano, quebradas, and mountain ridges of Chile, and the hills and canyons of Montana. Making my way across these landscapes at three miles an hour, I began to imagine music coming directly out of the contours of the land". As peças deste álbum -- que compõe o seu quinto quarteto de cordas -- são inspiradas em suas caminhadas pelos terrenos do deserto mexicano, pelos vales das cordilheiras do Chile e pelas colinas e desfiladeiros de Montana. Aqui, John Luther Adams recorre à uma técnica composicional -- já empregada em obras anteriores suas -- que condiz na aplicação de cânones sobrepostos -- isto é, camadas imitativas -- em três campos harmônicos diferentes e variando com cinco, seis e sete camadas independentes: uma técnica de sobreposição, onde uma única linha melódica se sobrepõe a si mesma em várias camadas e em velocidades diferentes, criando efeitos inebriantes de contrapontos imitativos. Com essas camadas e os efeitos harmônico-melódicos que elas expõem, o compositor tenta capturar as imagens das paisagens que explora, bem como tenta passar os aspectos sensoriais que estas paisagens lhes causaram. A interpretação das três partes da peça está a cargo do aclamado quarteto de cordas nova iorquino JACK Quartet.
**** - ~Nois - Is This ~Nois (Independent, 2020).
Os membros do quarteto de saxofones ~Nois começaram a tocar em 2016 quando ainda eram estudantes na pós-graduação da Northwestern University. Quatro anos e diversas experiências conjuntas depois, os quatro saxofonistas decidem fundar um quarteto para exprimir uma nova visão do saxofone -- e das interações entre saxes -- nos campos da new music. Este seu álbum de estreia, Is This ~Nois, traz peças compostas por seus próprios colegas de graduação, bem como por seu professor de composição Hans Thomalla. O quarteto solicitou que seus colegas compusessem peças que exprimissem essa nova visão de quarteto de saxofones, com efeitos novos e contrapontos contemporâneos, diferenciando-se em relação aos muitos quartetos de saxofones existentes nos campos da música contemporânea, da música erudita como um todo. Sendo assim, as peças foram escritas para explorar os mais variados efeitos timbrísticos, efeitos inusitados de uníssonos, explorações de harmônicos, contrapontos de agudos e explorações de sons multifônicos através das mais variadas combinações de saxes. A peça Vaisseau Fantôme, do compositor Niki Harlafti, foi inspirada no álbum Free Jazz - A Collective Improvisation, de Ornette Coleman.
**** - Eric Revis - Slipknots Through A Looking Glass (Pyroclastic, 2020).
Eric Revis é um dos mais prolíficos contrabaixistas do jazz contemporâneo, cobrindo um range de colaborações vai de Branford Marsalis à Steve Coleman. Neste seu oitavo álbum da carreira, Eric Revis explora nuances, contrapontos e grooves contemporâneos através de compassos ímpares e desenvolvimentos intricados, mostrando todo o seu senso apurado de acompanhamento rítmico e solos bem desenvolvidos. Composto de temas autorais, cada engrenagem sonora soa como estruturas com novos desenhos de linhas contrapostas -- e daí a capa do álbum com alusões à vários tipos de estruturas de caules. Eric Revis monta um interessante time com Kris Davis no piano, Bill McHenry no saxofone tenor, Darius Jones saxofone alto, Chad Taylor na bateria e percussão (mbira) e Justin Faulkner na bateria (nas faixas 1 e 3). Além de impor aqui a sua visão composicional de jazz contemporâneo -- abordando um range extenso de rítmicas e grooves --, o contrabaixista dedica esta gravação aos mestres Ellis Marsalis, Henry Grimes, Lee Konitz, Wallace Roney e Junius Taylor, todos músicos célebres do jazz que faleceram em 2020 por complicações da Covid-19.
**** - Greg Osby & Florian Arbenz - Reflections Of The Eternal Line (Inner Circle Music, 2020).
O inventivo saxofonista alto Greg Osby é um músico multifacetado capaz de transitar pelas mais variadas formas modernas e contemporâneas do jazz -- do bebop ao m-base. Aqui neste álbum temos um incomum duo de saxofone com bateria e percussão: Greg Osby nos saxes e o suíço Florian Arbenz na bateria e percussão. Duetos de sopros com percussão, normalmente, tendem a soar esparsos como se tivessem faltando algo -- principalmente faltando algo no quesito harmônico --, mas felizmente não é o que acontece aqui. Aqui, enquanto Greg Osby explora as frases improvisadas e entonações harmônicas coloridas entre as curvas melódicas dos seus saxes, Florian Arbenz emprega fraseios percussivos inteligentes e explora regiões harmonico-melódicas da sua bateria e timbres ricos de gongo balinês, kalimbas e outros instrumentos de percussão personalizados que adicionam uma sensação de percussão harmônica e acaba por enriquecer as entonações do duo. Projeto inspirado nas pinturas do renomado artista Stephan Spicher, Florian Arbenz argumenta que cada faixa foi elaborada para soar com um colorido sonoro diferente: "The concept of this program is not just an exchange of ideas, but trying to find a different ‘sound’ for every tune. Hopefully this provides a diverse experience for the listener too; it should feel like walking through an exhibition and looking at different paintings".
**** - Lucian Ban - Transylvanian Folk Songs (Sunnyside, 2020).
Em 1904, numa estadia prolongada numa fazenda do vilarejo eslovaco Hrlica, o compositor Bela Bartok -- na época com 23 anos -- teve uma epifania quando ouviu uma jovem de 19 anos chamada Lidi Dósa cantar algumas canções folclóricas e camponesas locais. O impacto que aquelas canções tiveram sobre a alma criativa de Bela Bartok foi imediato. De forma que, a partir daquele momento, ele dedicaria todos os esforços possíveis para conhecer e coletar canções camponesas, canções de ninar e cânticos folk de todo o Reino da Hungria: ao todo, de 1905 até 1918, o jovem compositor coletou mais de 9.000 canções, aproximadamente cerca de 3.400 canções romenas, 3.000 canções eslovacas, 2.700 canções húngaras e cerda 250 canções búlgaras, árabes e sérvias. Esse seria não apenas o maior trabalho de etnomusicologia já realizado no início do século 20, como também seria uma das principais bases de inspiração para a própria música a ser desenvolvida pelo jovem Bela Bartók, um trabalho pioneiro que trouxe para a modernidade da música erudita do início do século muitos coloridos tonais advindos destas canções -- influenciando, inclusive, diversos outros compositores a seguir esta mistura de linhagem modernista com inspirações nas suas origens culturais étnicas. Este álbum -- com o violista americano Mat Maneri, o pianista romeno Lucian Ban e o saxofonista-clarinetista John Surman -- toma emprestado algumas das citadas canções romenas coletadas por Bartók na região da Transilvânia, cidade medieval que tanto já inspirou estórias e contos na literatura, além de ser um local onde tanto as incidências etnoculturais europeias do ocidente como as incidências etnoculturais do oriente médio se congregam e se amalgamam. O álbum mescla os tons folclóricos minimalistas destas canções com improvisos livres e desenvolvimentos contemporâneos através de um trio que se condensa em um trabalho fantástico de timbres de sax soprano, sax barítono, clarinete baixo (Surman) com viola (Maneri) e piano (Ban).
**** - Tigran Hamasyan - The Call Within (Nonesuch, 2020).
O pianista armênio, naturalizado americano, Tigran Hamasyan é um dos rising stars em ascensão no universo do jazz nestes últimos tempos. Entre outros diversos prêmios que ganhou na carreira até agora, em 2006 o pianista ganhou a renomada competição do Thelonious Monk Institute of Jazz e nos últimos anos vem fazendo seu nome e impondo seu estilo através de registros editados pelos selos Verve, ECM e Nonesuch Records. Este seu lançamento, The Call Within (Nonesuch, 2020) é um documento híbrido de passado e presente, de música folk da Armênia e post-bop jazz contemporâneo, do formato acústico de piano-trio e batidas eletrônicas. Com 10 faixas originais, escritas pelo próprio pianista, o álbum se inspira no seu interesse por impressões temporais de diferentes épocas, poesia, estórias e lendas folclóricas armênias, astrologia, geometria, designs armênios antigos, esculturas e cinematografia -- a intenção do pianista e compositor aqui é confundir o ouvinte com desenhos, gráficos e designs sonoros híbridos, misturando consciência histórica e realidade com um mundo imaginário. Além do piano-trio -- que Tigran Hamasyan forma com Evan Marien no contrabaixo e Arthur Hnatek na bateria -- aqui temos participações da guitarra do nigeriano Tosin Abasi na faixa Vortex, e da vocalista Areni Agbabian e do violoncelista Artyom Manukyan, ambos da Armênia -- e esses mesmos músicos as vezes se revezam entre seus instrumentos e vocais. Na faixa Old Maps ouve-se a participação do coral de crianças Varduhi Art School Children’s Choir. Com tantas ideias e detalhes amalgamados em arranjos criativos, Tigran Hamasyan aqui se preocupa mais com a exposição bem polida dos temas, seus efeitos, nuances e desenvolvimentos do que aplicar apenas improvisos sobre eles. Aliás, os improvisos aqui aplicados parecem ter a finalidade de soarem como arranjos fundidos aos motivos dos temas e de serem pontes que levam o ouvinte do universo da realidade para o multiverso da imaginação. Com um toque particular e personalidade musical marcante, Tigran Hamasyan lança aqui um trabalho para se ouvir com atenção.
**** - Passepartout Duo - Vis-à-Vis (AnyOne, 2020).
Utilizando um conjunto de teclados, sintetizadores, kits de percussão e instrumentos portáteis, além de instrumentos projetados e construídos com sucata de madeira e metal encontrados nas ruas de Genebra, o Passepartout Duo -- formado pela pianista Nicoletta Favari e o percussionista Christopher Salvito -- estréia aqui uma espécie de música minimalista cheia de detalhes e inteligentes combinações eletroacústicas. O registro é composto de duas peças que são elaboradas e remodeladas através do uso extensivo de técnicas de hocket (grupos de notas únicas que variam no decorrer da composição) e modulações métricas minimalistas, além de improvisos livres. As duas faixas foram compostas para soarem sem interrupção cada uma de um lado do LP, transmitindo em seu decorrer uma miríade de retalhos de timbres prismáticos e híbridos de texturas de bricolagem e percussão pura com eletrônica -- algumas vezes soando como uma peça minimalista de harmonias inebriante, outras vezes soando como uma livre improvisação de texturas mais cruas. O álbum foi produzido pela AnyOne, uma empresa de arte e gravadora chinesa fundada por Yannis Zhang e Yumo Wu. O encarte do LP também segue o mesmo conceito artístico das modulações métricas e harmônicas da música: a capa do LP foi elaborada a partir de múltiplas camadas sobrepostas de papel com variações de cor e formas que mudam à medida que se move a capa de uma face para a outra, fazendo uma alusão às camadas harmônicas presentes na música. Vis-à-Vis foi escrito e gravado em Genebra, Xangai e Pequim: na Embaixada de Artistas Estrangeiros, no Swatch Art Peace Hotel e no Semi-Underground Space.
***¹/2 - Samuel Blaser - Moods (Blaser Music, 2020).
Aproveitando a ociosidade que o distanciamento social trouxe, o trombonista suíço Samuel Blaser lança aqui o quinto registro do seu recém fundado selo Blaser Music, pelo qual já lançara quatro álbuns próprios só no decorrer desse nebuloso ano de 2020. Samuel Blase é um dos trombonistas de vozes mais poderosas das últimas décadas e aqui ele consegue juntar um time igualmente poderoso. O mote do álbum é o blues: explorar toda a potencialidade criativa e improvisativa em torno do blues, não como um retrato histórico do que o blues representa, mas como uma verve, uma diretriz que abre portas para o improviso, e para as explorações timbrísticas a partir daí -- da inspiração mais melancólica às explorações guitarrísticas mais psicodélicas, passando por inflexões freejazzísticas. Para tanto, Blaser convida o seminal guitarrista francês Marc Ducret -- que é dono de uma sonoridade psicodélica, crua e crispada --, o contrabaixista japonês Masa Kamaguchi e o baterista americano Gerry Hemingway, que aqui também atua vocais e consegue criar uma rica fonte de efeitos percussivos harmônicos, para além da bateria ser apenas um instrumento de percussão crua. Interessante notar que a intenção de Blaser não é criar um registro explosivo que impacte o ouvinte pelo aspecto da energia ou da densidade, mas aqui ele quer apenas mostrar uma interação descontraída com seus colegas, ele quer apenas trabalhar -- construir ou descontruir -- nuances, formas e melodias. Contudo, o álbum tem detalhes ricos para se prestar a atenção: além dos detalhes aqui já citados, é interessante notar como que o trombone de Blaser consegue soar diferente à cada faixa: com a aplicação da técnica de sons multifônicos aqui, a aplicação de surdinas ali, e as exuberantes entonações bluesísticas acolá. O álbum foi gravado no Moods Jazz Club, em Zurique, num momento em que os clubes voltavam a receber seus públicos após meses de distanciamento social.
**** - Eliott Sharp - Foliage (MFR Contemporary Series, 2020).
O guitarrista, multi-instrumentista e compositor Elliott Sharp é um dos nomes centrais do cenário da Downtown. Em quatro décadas de carreira, Sharp segue explorando ao menos três direções artísticas: a faceta de líder de banda e improvisador, a faceta como experimentalista e a faceta de compositor de peças eruditas. Neste álbum, o compositor e experimentalista cria -- ou pelo menos, arruma uma forma inusual de despertar a criatividade musical dos seus intérpretes -- a partir de uma série de 80 gravuras risográficas, combinando arte visual, performance e música ao mesmo tempo. Na verdade, a exposição destas 80 gravuras risográficas forma uma partitura gráfica aberta a interpretações e a desenvolvimentos por qualquer instrumentista ou conjunto de qualquer tamanho, configurando-se numa obra de arte visual tanto quanto é um conjunto de instruções para sons, formas e desconstruções das formas e células sonoras interligadas. Elliott Sharp -- que dividiu a peça em oito "folhagens" --, leva este projeto à cabo com a colaboração de Dario Calderone (contrabaixo), Gareth Davis (clarinete baixo), Pepe Garcia (percussão), Koen Kaptijn (trombone) e Rutger Zuydervelt (pós-produção, edição em estúdio). A peça combina sons acústicos ritualísticos -- seguindo a dinâmica das 80 gravuras risográficas sendo apresentadas de forma aleatória -- com sons eletrônicos, mesclando passagens com tons de mistério e passagens mais cheias de espasmos. Criativo!
Tweet
Tweet