— Nat'l Endow f/t Arts (@NEAarts) July 12, 2023
Desde 1982, a National Endowment for the Arts (NEA), agência governamental criada pelo Congresso dos Estados Unidos em 1965 para promover o desenvolvimento e a apreciação das artes, concedeu 173 bolsas a grandes figuras do jazz, como Toshiko Akiyoshi, Regina Carter, Chick Corea, Herbie Hancock, Donald Harrison Jr., Yusef Lateef, Abbey Lincoln, Sue Mingus, Eddie Palmieri, Sonny Rollins e Wayne Shorter. Trata-se da NEA Jazz Masters Fellowships, que ano a ano consagra e homenageia mestres do jazz com um prêmio em dinheiro e lhes dedica shows e concertos para celebrar suas carreiras e contribuições para esse gênero musical que é central na cultura americana. A NEA também apoia o Smithsonian Jazz Oral History Program, um esforço para documentar as vidas e carreiras de quase 100 grandes figuras do jazz já homenageadas no NEA Jazz Masters. E agora, a NEA acaba de anunciar os homenageados que receberão a bolsa em 2024 em Washington, DC. Os homenageados serão Gary Bartz, Terence Blanchard, Amina Claudine Myers e Willard Jenkins. Cada um desses mestres receberá a A.B. Spellman NEA Jazz Masters Fellowship for Jazz Advocacy, bolsa que inclui um prêmio de US$ 25.000 (algo em torno de R$ 120.000) e um concerto público e gratuito em sua homenagen, a ser celebrado em 13 de abril de 2024 no John F. Kennedy Center for the Performing Arts. O saxofonista Gary Bartz é conhecido desde a década de 1960 por sua abordagem de "composição informal", tendo trabalhado com renomados músicos de jazz como Max Roach, Charles Mingus, Art Blakey e Miles Davis, e lançado mais de 45 álbuns solo, além de ter participado de mais de 200 gravações como artista convidado, estando em plena atividade ainda nos dias de hoje. O trompetista Terence Blanchard é vencedor de sete prêmios Grammy e tem sido uma força artística constante ao longo de mais de 40 anos de carreira: no início dos anos 80, ele passou pelo Art Blakey & the Jazz Messengers, sendo figura-chave na revalorização do jazz, e sendo um compositor ativo de trilhas sonoras de sucesso para os filmes de Spike Lee, além de diversos outros trabalhos criativos que vão além do gênero jazz, incluindo composições para televisão e cinema, peças eruditas, óperas grandiosas e colaborações com companhias de dança. Amina Claudine Myers começou a carreira como membro da Association for the Advancement of Creative Musicians (AACM) e é uma aclamada pianista, cantora e compositora no campo da música negra criativa, frequentemente exibindo influências gospel, também tendo desenvolvido-se como ativa compositora para peças de teatro após sua mudança para Nova Iorque. Willard Jenkins é escritor, radialista, educador, historiador, diretor artístico e consultor de artes desde a década de 1970, sendo uma das principais vozes na promoção e difusão do jazz como um gênero importante para a cultura americana, atualmente sendo diretor artístico do DC Jazz Festival e apresentador do programa Ancient/Future na rádio WPFW, em Washington, D.C. O NEA Jazz Masters tem sido, enfim, uma honraria importante para consagrar, com o títúlo de mestre, músicos, compositores e outros agentes que trazem décadas de contribuição ao jazz. E as honras para esses mestres do jazz citados acima são mais do que merecidas!
— Hancock Institute (@HancockInst) July 7, 2023
O aclamado trompetista e compositor Ambrose Akinmusire foi nomeado Diretor Artístico do Herbie Hancock Institute of Jazz Performance no UCLA Institute e estará à frente do UCLA Welcome Incoming Class em 2025. Akinmusire, que se formou no programa em 2007, retornará ao instituto para orientar e incentivar uma próxima geração de artistas de jazz a passar pelo mesmo crivo que ele enfrentou. Seis talentosos jovens músicos de jazz dos EUA e de outros países do mundo foram selecionados para a turma de 2025 do Herbie Hancock Institute of Jazz Performance na UCLA. Cada um deles integrará o programa intensivo com uma bolsa de estudos a ser iniciada em setembro de 2023 e receberá o título de Mestre em Performance de Jazz pela UCLA Herb Alpert School of Music, uma das principais escolas de música dos EUA, na primavera de 2025. A turma de 2025 inclui o baterista Ebunoluwa Daramola, da Assen, Holanda, e Lagos, Nigéria; o baixista Destiny Diggs-Pinto, de Newark, NJ; o saxofonista alto Alden Hellmuth, de Hartford, CT; o pianista Miles Lennox, de Fort Lauderdale, FL; o saxofonista tenor Sasha Ripley, de Houston, TX; e Yakiv Tsvietinskyi, da Dnipro, Ucrânia. Os músicos foram selecionados por meio de um rigoroso processo de inscrição, culminando em uma audição avaliada pelo lendário pianista Herbie Hancock, pelo renomado músico, produtor e filantropo Herb Alpert, e por Ambrose Akinmusire e Walter Smith III, ambos colegas de turma do Institute of Jazz Performance e hoje artistas de jazz mundialmente renomados. Após o anúncio, Akinmusire afirmou: "Having been a student and later a judge, mentor and teacher in this program, I look forward to sharing my knowledge and continuing the legacy and impact of the Herbie Hancock Institute". Herbie Hancock, por sua vez, acrescenta: "Ambrose is the perfect person to inspire the students of the Institute of Jazz Performance. I remember working with him when he was a student in the program, and watching him develop over the years has been really exciting. Now he will be able to cultivate a new wave of creative artists through his role in the program". Além de ser ex-aluno do Herbie Hancock Institute of Jazz Performance, Akinmusire conquistou o primeiro lugar no International Trumpet Competition do Instituto em 2007, quando o instituto ainda levava o nome de Thelonious Monk. Duas vezes indicado ao Prêmio Grammy, Akinmusire recebeu o Doris Duke Impact Award e foi nomeado Doris Duke Artist. Como Diretor Artístico, ele agora seguirá os mesmos passos do trompetista Terence Blanchard e do contrabaixista Ron Carter, dois músicos celebrados que o ensinaram durante seu tempo no mesmo programa há quase duas décadas. Antigamente conhecido como Thelonious Monk Institute of Jazz, sendo posteriormente renomeado Herbie Hancock Institute of Jazz Performance, esse instituo exerce há décadas uma função vital de difusão do jazz, educação musical e revelação de novos talentos, já tendo impulsionado a carreira de muitos dos jovens músicos que se tornaram grandes figuras do jazz nestas últimas décadas. Sigam o Instituto!
— Pitchfork (@pitchfork) July 12, 2023
A Luaka Bop, gravadora independente fundada em 1989 por David Byrne, ex-membro da banda Talking Heads, acaba de anunciar, para 15 de setembro, o lançamento de uma reedição do álbum homônimo "Pharoah" de 1977, do saxtenorista Pharoah Sanders, falecido em 24 de setembro de 2022. A reedição, a ser lançada um ano após a morte do legendário saxofonista, resultará num box de luxo com as gravações originais de 1977 remasterizadas e a inclusão de duas performances ao vivo inéditas da peça "Harvest Time", além de também vir com um livreto contendo fotografias raras e uma entrevista recente com Pharoah Sanders, que, antes de falecer, deu sua aprovação para que David Byrne empreendesse esse projeto. Ao longo deste ano e até 2024, esse box de luxo será celebrado e divulgado através de várias apresentações internacionais sob o título "The Harvest Time Project: A Tribute to Pharoah Sanders". Artistas diferentes se reunirão para executar a peça "Harvest Time". A primeira apresentação acontecerá em 12 de novembro no festival Le Guess Who? em Utrecht, tendo grupos e artistas como o coletivo americano Irreversible Entanglements, o cantor e multiinstrumentista brasileiro Domenico Lancellotti, o guitarrista Tisziji Muñoz e o contrabaixista Joshua Abrams. Antes disso, haverá um workshop sobre Pharoah Sanders no National Sawdust, no Brooklyn, em 14 de outubro. Conhecida por nós, brasileiros, como a gravadora que reacendeu a carreira do genial cantor tropicalista Tom Zé, a Luaka Bop tem sido descrita como um "selo de world music", muito por causa do enfoque que seu fundador, David Byrne, deu para o campo da pesquisa de músicas tradicionais (da América Latina, da África, da Ásia etc.), bem como do enfoque em lançamentos e relançamentos de artistas e bandas outsiders que se ambientam em variações estéticas etno-populares do pop e do rock em vários países do mundo. Porém, nos últimos tempos a gravadora tem ampliado seu raio de pesquisa e conceito, lançando também artistas de jazz mais cult e cosmopolitas como Alice Coltrane e Pharoah Sanders, conhecidos pela transcendência espiritual e multiculturalidade! O último álbum que Pharoah Sanders lançou antes de sua morte em 2022 foi, inclusive, gravado e editado pela Luaka Bop: trata-se do mui elogiado álbum "Promises" (2021), um registro que junta a colaboração do músico de eletrônica britânico Floating Points, o spiritual jazz de Pharoah Sanders e arranjos orquestrais com a London Symphony Orchestra, registro que já abordamos aqui no blog em nosso podcast.
— Gulbenkian Música (@GulbenkianMusic) April 27, 2023
Está a acontecer, entre 27 de Julho e 6 de Agosto, a 39ª edição do já tradicional Jazz em Agosto, sediado anualmente na Fundação Gulbenkian em Lisboa, Portugal. Neste ano de 2023, este importante festival português, já reconhecido como um dos eventos de música criativa mais importantes e instigantes da Europa, dará um enfoque maior para as mulheres, para as musicistas, compositoras e improvisadoras. O festival tem sido, assim como todo o cenário da música criativa de Lisboa, um ponto de encontro entre o jazz e a música improvisada européia. O line-up conta com a presença dos seguintes ensembles e figuras: terá o Fire and Water, ensemble liderado pela pianista americana Myra Melford; terá o projeto Amaryllis da guitarrista americana Mary Halvorson; contará com a apresentação da Eve Risser’s Red Desert Orchestra empreendendo um intercâmbio entre músicos europeus e africanos; contará com a Natural Information Society numa parceria com o veterano Evan Parker, projeto criado por Joshua Abrams em torno do guimbri (instrumento típico do gnawa marroquino); contará com o grupo Trance Map+ e seu projeto Ghosted; contará ainda com o trompete solo de Susana Santos Silva; além de também ter presença da guitarrista berlinense Julia Reidy; sem esquecer da presença da saxofonista em ascenção Zoh Amba; entre outros eminentes artistas e grupos do nosso tempo. Susana Santos Silva e Julia Reidy integrarão um programa de apresentações a solo, assim como acontecerá com as apresentações da pianista polaca Marta Warelis e da percussionista suíça Camille Émaille. Como já mencionado, essa edição dará um enfoque maior em projetos que têm o protagonismo e a liderança feminina como cerne da ebulição criativa contemporânea, mostrando ao público que essas musicistas -- Eve Risser, Hedvig Mollestad, Zoh Amba, Myra Melford, Mary Halvorson e outras -- têm provocado um verdadeiro fenômeno de mudança de paradigma rumo a uma maior representatividade e diversidade de gênero nos campos do jazz, da música experimental e noutros campos mais exploratórios de arte musical. Segundo ao que enfatiza a Fundação Gulbenkian, trata-se de um enfoque extremamente necessário, pois é "uma consequência natural do quanto a música espelha o contexto social em que nasce", uma consequência natural de nosso tempo, considerando que cada vez mais as mulheres seguem ocupando funções e espaços dantes destinados apenas à homens. Não seria exagero dizer, aliás, que alguns dos registros e projetos mais inovadores da atualidade tem sido protagonizados por mulheres! Ainda que, em proporção, o número de mulheres instrumentistas e líderes de projetos musicais seja enormemente pequeno em relação ao número de homens instrumentistas e bandleaders, as musicistas que estão na ativa tem verdadeiramente protagonizado um certo enviezamento para diretrizes mais criativas, diferenciadas e exploratórias, sendo um fenômeno eminentemente enriquecedor para o jazz e a música instrumental de viés exploratório em geral.